No dia 29 de junho, a Igreja celebra a solenidade de São Pedro e São Paulo. Saiba um pouco mais sobre estes santos da nossa Igreja, exemplos de fé, conversão e evangelização.
São Pedro
Simão, chamado de Pedro por Cristo, nasceu em Betsaida, e tinha como irmão o Apóstolo André. Era um homem inconstante, mas um grande amigo, líder e franco em suas ações. A vida desse jovem pescador começou a mudar em um dia normal de serviço no mar da Galiléia. Jesus o chama para segui-Lo, e prontamente, Pedro deixou tudo para seguir o Mestre, sob a promessa de se tornar pescador de homens
Começa ai o constante combate do maior líder da Igreja de Jesus Cristo. É ele quem lança as redes em atenção à palavra do Senhor (Lc 5, 5); mas é ele que, tomado pelo medo, ao bater o vento, duvida ao caminhar sobre as águas, sendo, inclusive chamado de “homem de pouca fé”. É Pedro o bem aventurado, mas é Pedro quem nega Cristo por três vezes.
“Por isso, eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e as forças do Inferno não poderão vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”. Mesmo sendo um homem vacilante, Jesus confiou a chave do reino dos céus a ele. Por isso o brasão do Papa possui uma chave de ouro e outra de prata, a chave que liga e a chave que desliga.
A MISSÃO E OS COMBATES DE PEDRO
A ambiguidade de São Pedro nos mostra o intenso amor de Jesus para com os homens vacilantes, mas persistentes. O próprio Cristo, que o chama de “pedra” onde a igreja será edificada (Mt 16, 18), pouco depois, no evangelho, o chama de “pedra de tropeço” ouvindo até as palavras mais duras proferidas por Jesus “Afasta-te de mim, satanás!” (Mt. 16, 23). Reparem como Pedro é alvo constante da graça de Deus, mas também de muitas tentações. O primado Papal só pode ser entendido quando olhamos para o líder dos apóstolos em toda sua santidade e humanidade.
No evangelho de São Lucas, Jesus diz a Pedro “Simão, Simão, eis que satanás pediu, insistentemente, para vos peneirar como trigo; eu, porém, orei por ti, a fim de que tua fé não desfaleça. Quando, porém, te converteres, confirma teus irmãos”. Reparem que ao dizer “vos peneirar” (Lc 22, 31-32), Jesus alerta que todos os discípulos serão tentados pelo demônio, mas somente Pedro (Papa) é quem recebeu as orações do Senhor, para que o discípulo líder pudesse confirmar a fé dos demais irmãos.
Reparem o cuidado de Jesus para com o Papa e a importância que ele tem para o plano da salvação de Deus. Devemos rezar pelo Santo Padre, principalmente quando nossa igreja enfrenta fortes tempestades, pois é Pedro quem nos “confirma”. Começamos a entender aqui, o dogma da infalibilidade de Pedro: não quer dizer que ele não peca, mas que existe uma ação divina quando ele se pronuncia como a “pedra” que edifica a igreja, mesmo que a “pedra de tropeço” faça parte de sua natureza humana.
PEDRO, O GUARDIÃO DA FÉ
A história de Pedro é o exemplo de como o Papa é um autêntico defensor da fé. Pode-se fazer uma lista enorme de muitos pecados que os papas já praticaram ao longo da história da igreja. Mas, assim como Pedro, apesar das misérias de cada um dos sumos pontífices, nenhum permitiu que as heresias ou uma vida longe da fé no único e verdadeiro Deus entrassem na vida da Igreja.
E o aprendizado de Pedro culmina, com seu martírio. Após ser perseguido, segundo a tradição da igreja , o nosso primeiro papa foi crucificado de cabeça para baixo a seu próprio pedido, por não se julgar digno de morrer como Jesus Cristo. Veja que ironia: aquele que vacilava por fugir da cruz, encontra a glória de Deus na cruz de seu martírio.
Tenhamos fé e rezemos por nosso Santo Padre. A ele, o próprio Jesus confiou a missão de “Pastor da Igreja”. Sigamos o exemplo de São Jerônimo que disse: “Não sigo nenhum primado a não ser o de Cristo; por isso ponho-me em comunhão com a Sua Santidade, ou seja, com a cátedra de Pedro. Sei que sobre esta pedra está edificada a Igreja. Quem se alimenta do Cordeiro fora dessa casa é um ímpio. Quem não está na arca de Noé perecerá no dia do dilúvio” (Carta ao Papa Damaso, 2).
São Paulo
Paulo foi um homem que se lançou na missão de evangelizar todos os povos através de sua inteligência, testemunho e vivência no Espirito Santo, querendo, em troca, apenas aquilo que Deus lhe oferecia.
Sem dúvida, foi um dos maiores pensadores e conhecedores do comportamento humano, sendo marcado também por ser um dos maiores místicos da Igreja. O próprio se define como um missionário, e não acha tal função motivo de glória, muito pelo contrário, acreditava que tinha por dever pregar o evangelho: “Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho. Se eu o fizesse por iniciativa própria, teria direito a um salário; mas, já que o faço por imposição, desempenho em encargo que me foi confiado” (1 Cor 9, 16-17).
ORIGEM E CONVERSÃO
Paulo, cujo nome antes da conversão era Saulo, nasceu em Tarso, capital da Cilícia. Recebeu a primeira educação religiosa em sua cidade natal, tento por base o Pentateuco e a lei de Moisés. Teve como referência em seu aprendizado, um dos grandes mestres da lei da época, Gamaliel. Falava muitos idiomas, dentre eles o aramaico, hebraico, grego e latim.
Tornou-se um fariseu que zelava pelos costumes judeus, a ponto de perseguir e aprisionar cristãos. Foi responsável pela morte do Diácono Estevão (At. 8,1). Converteu-se a caminho de Damasco, quando o Cristo Ressuscitado aparece para ele em uma forte luz e lhe diz: “Saulo, Saulo, por que Me persegues? Saulo perguntou: Quem és Tu, Senhor? A voz respondeu: Eu sou Jesus a quem tu persegues” (1 Cor, 9, 3-5). Desse momento em diante, ele já não se levanta o mesmo e pouco depois se torna Paulo.
E a conversão de Paulo reafirma a comunhão que a Santa Mãe Igreja tem com Jesus Cristo. Paulo perseguia os cristãos, e não o próprio Cristo. Logo a frase de nosso Senhor “Porque ME persegues” nos deixa claro que aqueles que pertencem a Igreja de Jesus Cristo, logo fazem parte de seu próprio Corpo. Quem persegue a Igreja, persegue ao próprio Jesus.
ENSINAMENTOS AOS MISSIONÁRIOS DE HOJE
Paulo nos ensina que devemos evangelizar de todo o coração, anunciando Cristo, tendo como arma a ousadia que provém do Santo Espirito, mesmo que os outros não acreditem em você e na sua conversão. Deus será fiel e não é alheio ao seu esforço e logo te reestabelecerá. Por isso é necessário pregar o evangelho com a vida e enfrentar todos os perigos e tempestades, a fim de testemunhar o amor de Cristo.
Na sua vida, Paulo não se esqueceu de ouvir e respeitar os apóstolos que o precederam. Aprendeu muito com Pedro e os demais, portanto, levou em consideração e anunciou aquilo que recebeu da igreja que já caminhava. Paulo sabia que a ação e a estratégia missionária nascem da ação do Espirito Santo na Igreja, portanto se colocava à disposição sempre que solicitado.
Outro ensinamento importante que encontramos na vida de Paulo é o valor das relações. Ele percebe que, na missão, se cria uma comunhão entre aqueles que acolhem o evangelho. A palavra de Deus aproxima os corações. Muito mais do que uma relação formativa com as comunidades que evangelizava, Paulo tinha também uma profunda relação de amor. É preciso que sejamos, também, apóstolos enamorados por Deus.
Por: Jânio Fausto
Agência Parresia